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O papel do reforço escolar no Maré Unida e o pensamento crítico antirracista

Por Andressa Cabral Botelho e Matheus de Araujo

Zine produzido com alunos e alunas do Reforço Escolar | Foto: Andressa Cabral Botelho

A Luta pela Paz é reconhecida como uma organização que há 24 anos trabalha com esportes de luta no atendimento a pessoas em situação de vulnerabilidade social, em especial na Maré. Mas  nem todo mundo sabe que, desde 2016, o reforço escolar passou a ser uma das frentes de trabalho fundamentais  da LPP no território.

Uma das ações cobertas pelo projeto Maré Unida, patrocinado pela Petrobras, o  Reforço Escolar  apoia o desenvolvimento pedagógico de crianças e adolescentes matriculadas do 5º ao 9º ano do ensino fundamental em escolas públicas da Maré. As atividades educacionais acontecem no contraturno escolar e tem como um dos vieses de ensino a valorização dos saberes étnico-raciais. Assim, fortalecemos um dos cinco pilares fundamentais da Luta pela Paz – o da Educação – e também o trabalho realizado pelo nosso Grupo de Trabalho (GT) de Raça e Etnia.

Embora tenha um caráter educacional, muitas pessoas podem achar que o reforço escolar oferecido pela Luta pela Paz é parecido com o trabalho realizado por explicadoras/es, que se dedicam a trabalhar, junto com estudantes, as disciplinas aprendidas na escola. Mas no programa de reforço escolar do Maré Unida o diferencial das aulas é a metodologia antirracista, onde os alunos são estimulados a exaltar suas potencialidades enquanto protagonistas do processo educativo.

“A estrutura curricular do reforço escolar propõe a racialização do currículo escolar do segundo segmento do ensino fundamental em conformidade com a Lei nº 10.639/2003, que estabelece a abordagem da história e cultura afro-brasileira no currículo escolar”, destacou Marcos Melo, coordenador de educação da Luta pela Paz.

Além do cumprimento da lei, o projeto é reflexo do comprometimento da organização e seus parceiros no combate ao racismo estrutural, a partir do resgate e ressignificação da memória histórica negra com um olhar afro-referenciado. Vários exemplos desta abordagem são apresentados na Feira Sankofa, realizada anualmente na academia da LPP na Maré. No último ano, diversos trabalhos apresentados tinham o recorte racial, como o shisima, jogo de origem queniana que na lógica ocidental é bastante similar com o jogo da velha.

“A educação antirracista é importante na formação e construção das crianças enquanto indivíduos da sociedade. Essa construção é efetivamente positiva quando envolve diversidade, respeito e inclusão de todas as pessoas. Além disso,  a educação antirracista proporciona um protagonismo muito maior das crianças do reforço, sobretudo no processo de ensino-aprendizagem e na construção  das suas identidades”, complementa Cida Oliveira, professora do Reforço Escolar.

A equipe do reforço é composta por coordenador pedagógico, educadores de diferentes disciplinas, assistente social, psicólogo, psicopedagogo, dentre outros profissionais comprometidos não só com o trabalho dentro da sala de aula, como um trabalho de diálogo com as unidades escolares das crianças e dos adolescentes participantes, além do acompanhamento/ atendimento das famílias.

 O projeto Maré Unida é realizado pela Luta pela Paz com o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, através da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte do Rio de Janeiro. 

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