Educação que acolhe, transforma e inclui. Oficina oferecida para turmas do reforço escolar do Maré Unida, com o objetivo de construir ambientes mais acessíveis e respeitosos.
No Brasil, cerca de 45 milhões de pessoas vivem com alguma deficiência, quase ¼ da população. Ainda assim essas pessoas, seguem enfrentando o capacitismo, um preconceito que reduz pessoas com deficiência às suas limitações, ignorando que todos temos diferentes necessidades, sejam físicas, emocionais ou sociais.
Na Luta Pela Paz, a escuta ativa é parte fundamental do nosso pilar Educação. A partir dela, identificamos a necessidade urgente de debater falas e comportamentos capacitistas, iniciando um processo formativo que envolveu colaboradores, crianças e jovens. Assim nasceu a Oficina Anticapacitista: um espaço de diálogo, aprendizado e transformação.
Realizada na sede da LPP, na Maré, a oficina foi mediada pelo Grupo de Trabalho de Acessibilidade e Inclusão e utilizou uma linguagem acessível e uma metodologia lúdica e crítica. Um dos destaques foi o Baralho Anticapacitista, ferramenta desenvolvida pela equipe da AAGIR (Ações Afirmativas em Gênero, Inclusão e Raça), área da Luta pela Paz que propõe reflexões de temas que perpassam pelos conceitos de gênero, sexualidade, raça e etnia e acessibilidade que propõe formas mais respeitosas de se comunicar no dia a dia.
Fernanda Leal, uma das desenvolvedoras do baralho, conta sobre o processo de construção da ferramenta pedagógica: “A construção do baralho anticapacitista, nasceu da escuta, da prática pedagógica e da urgência de construir uma educação mais inclusiva entre nossos alunos e colaboradores. O material foi criado para provocar reflexões, ampliar repertórios e desconstruir estereótipos.”
Expressões como “um exemplo de superação”, frequentemente direcionadas a pessoas com deficiência, foram debatidas, mostrando como romantizar lutas individuais pode invisibilizar desigualdades estruturais.Para substituir a expressão, uma das opções é : “Você é uma referência”, reconhecendo trajetórias com respeito e sem estigmas. Essas pequenas mudanças na forma de falar podem gerar grandes transformações nas relações, promovendo mais respeito, empatia e inclusão no cotidiano.
A iniciativa reafirma o compromisso com uma educação que valoriza a diversidade e estimula a empatia desde cedo. Como afirma Maria Eduarda Pereira Pinto, Educadora Social de Desenvolvimento:
“Ter acesso a uma educação anticapacitista é importante para o desenvolvimento das crianças enquanto cidadãos conscientes e capazes de conviver e respeitar as diferenças e diversidades presentes na sociedade. Além disso, a educação anticapacitista contribui para a evolução de um senso de responsabilidade com o próximo, a partir de suas ações e falas, estimulando também a empatia com os colegas e com as demais pessoas dos seus ciclos sociais.”
Um exemplo da potência de inclusão e acessibilidade é Vitor Evangelista, 26 anos, auxiliar de projetos na LPP, pessoa com deficiência e colabora diretamente com a formação de outros jovens no pilar de educação.
“Antes de entrar aqui, eu era tímido, menos motivado. A Luta Pela Paz me deu coragem e espaço para crescer. Agora, ajudo outros jovens a encontrarem o seu lugar também.”
Acreditamos que incluir é inovar, e que esse processo começa nas palavras, passa pelas atitudes e se fortalece em espaços como esse.
A Oficina Anticapacitista é uma realização do GT de Acessibilidade e Inclusão da Luta Pela Paz para as turmas do Reforço Escolar, que integram as ações do projeto Maré Unida, com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, através da Lei de Incentivo ao Esporte do Governo do Rio de Janeiro, via Secretaria de Esporte e Lazer.