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Raí Vitor, do projeto Novas Trilhas, vê na música uma esperança de vida nova

Raí Vitor durante apresentação do projeto Trilha Musical. | Foto: Hub Digital Porto Dragão

A música faz bem para o corpo e a mente de quem escuta. Mas para quem faz música, ela também é capaz de transformar vidas. Raí Vitor da Silva Dias (21) entende bem essa sensação. Participante do projeto Novas Trilhas, ação da Luta pela Paz no Ceará, ele viu na música um lugar para expressar o que vive e a esperança de, futuramente, ser reconhecido e trabalhar com essa arte.

Também conhecido como MC RV, Raí Vitor é um jovem rapper que gosta de abordar em suas letras o cotidiano de Fortaleza, fazendo um funk consciente. Embora ainda novo no ramo, já participou de batalhas de rima em bairros da capital, como Jangurussu, Edson Queiroz, Barra do Ceará e Praia de Iracema, e em outras localidades da região metropolitana. Desde 2021, encontrou nas plataformas digitais uma forma de compartilhar as suas composições, fazendo com que elas alcancem um público ainda maior que o local.

“Todo dia eu escrevo minhas músicas e sempre posto os meus vídeos nos canais, que eu mesmo gravo. Dessa forma, creio que um dia serei abençoado e vão reconhecer o meu trabalho. Eu não tenho vergonha de me expressar e de falar da minha vida. E isso me ajuda muito em tudo o que eu faço porque sou desenrolado”, destacou o MC.

Para chegar onde quer, Raí entende a importância dos estudos. Ele interrompeu a sua formação no sétimo ano, mas em janeiro de 2024 voltou às salas de aula. Em paralelo, participa de diversos cursos de formação profissional. Entre os locais onde Raí quer chegar estão os palcos.

Ao longo de três meses em 2023, Raí e outros cinco jovens acompanhados pela equipe da Luta pela Paz, passaram pela Trilha Musical, imersão onde puderam aprender sobre produção musical  no Laboratório Multimídia do Hub Cultural Porto Dragão, equipamento da Rede Pública de Equipamentos Culturais da Secretaria da Cultura do Ceará (Secult Ceará), gerido em parceria com o Instituto Dragão do Mar (IDM).

No final do curso, eles tiveram a oportunidade de mostrar o trabalho desenvolvido na Praça das Artes, no Centro Cultural Porto Dragão, onde fica localizado o laboratório. “Foi uma experiência muito boa para a minha carreira. Aprendemos, gravamos as nossas músicas e nos apresentamos para o público. Quero ser inspiração para outros jovens que também acreditam que a música muda a vida das pessoas”, lembrou Raí.

Registro de sua apresentação no Trilhas Musicais junto com Hyago Gomes (MC HG085), que também participou da residência.

O papel da residência, realizada pelo IDM em parceria com a Luta pela Paz, não foi apenas pensar em uma possibilidade de futuro para esses jovens que querem atuar com música, mas também apoiar no desenvolvimento da autoestima, oportunidade de acesso e exercício à cidadania e ressocialização por meio de práticas artísticas e culturais. 

“Eu sentia prazer em estar no meio das pessoas do projeto porque elas me tratavam de outro jeito. Me abraçavam, apertavam a minha mão, perguntavam como eu estava. Lá [no Novas Trilhas] eu conheci pessoas que fazem parte da minha vida porque se preocuparam comigo e me fortaleceram”, observou Raí.

Raí Vitor chegou ao Novas Trilhas e ao Embaixadores da Paz por meio do Programa de Oportunidades e Cidadania (POC), que faz parte da Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo (SEAS) do governo do estado do Ceará, que atua com uma rede de proteção a adolescentes em situação pós-medida socioeducativa. 

O Novas Trilhas ajudou Raí e outros jovens a pensar nos planos e projetos de vida e quais os próximos passos que podem dar para estruturar suas caminhadas. Em paralelo à carreira de músico, Raí foi encaminhado pela equipe do POC e já iniciou uma capacitação profissional em salgadeiro do projeto Virando o Jogo, ação da Secretaria de Proteção Social (SPS). No futuro o jovem poderá até abrir o seu próprio negócio a partir dos conhecimentos adquiridos.

Atualmente, o jovem continua recebendo o suporte da equipe do CUCA Jangurussu, onde funcionava um dos pontos descentralizados de atendimento do Novas Trilhas. Assim, como é previsto como objetivo do projeto, atraves do Novas Trilhas Raí ampliou e fortaleceu sua rede de apoio e encontra, hoje, na equipe do CUCA suporte para seguir com seu projetos e sonhos.

“O meu projeto de vida mudou muito porque hoje eu sou diferente. Antigamente eu era um menino muito rebelde, não queria conselho de ninguém. E o Novas Trilhas mudou a minha vida porque arrumou trabalho como Jovem Aprendiz, me ajudou a entrar nos cursos, estou gravando as minhas músicas. E o que eu estou conquistando hoje através do projeto me deu força para seguir em frente. Sempre falaram que eu era novo e talentoso e eu entendi que sou capaz de fazer o que eu quero”, concluiu o jovem, esperançoso com o futuro.

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