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Favela Champions: a primeira competição de artes marciais das favelas em um palco olímpico

Centenas de jovens atletas moradores de favelas competiram no Parque Olímpico do Rio em evento do projeto Maré Unida, promovido pela Luta Pela Paz com patrocínio da Petrobras

Aluno da Luta pela Paz durante concentração antes da luta. Foto: Matheus de Araujo | Luta pela Paz

No dia 29 de outubro de 2023 as portas da Arena Carioca 1, no Parque Olímpico do Rio de Janeiro, se abriram para receber a primeira edição do Favela Champions, competição de boxe e artes marciais para jovens moradores de comunidades. Cerca de 250 meninas e meninos de 14 a 17 anos tiveram a oportunidade de realizar o sonho de estar num palco olímpico como atletas, lutando pelo lugar mais alto do pódio.

Além das lutas, o evento contou com a presença do lutador, ator, comediante e influenciador Whindersson Nunes, que também é embaixador do projeto. Ele foi o mestre de cerimônias das finais e entregou as medalhas aos atletas no pódio. Para encerrar com mais talentos da favela, não só no esporte mas também no campo da arte, uma apresentação do grupo Dance Maré, coletivo de dança idealizado em 2019 pelo dançarino e também influenciador digital Raphael Vicente, que é morador da Maré e já colaborou com a Luta pela Paz em diversas ocasiões.

Pódio de jiu-jitsu feminino. Foto: Diego Rodrigues | One Touch
Pódio de jiu-jitsu feminino. Foto: Diego Rodrigues | One Touch

Para muitos desses atletas, essa foi uma oportunidade ímpar e combustível para seguir na luta. “Gostei muito de ter tido essa oportunidade de lutar no Favela Champions. Estou muito feliz com a minha performance e agora vou seguir treinando para voltar ainda melhor. Foi um dia inesquecível para mim”, disse Matheus Maceió, atleta de 16 anos atendido pelo Maré Unida e medalhista de prata no jiu-jitsu no Favela Champions.

O Favela Champions é uma ação do projeto Maré Unida, que visa contribuir para o desenvolvimento do potencial de crianças, adolescentes e jovens da Maré através do esporte e da educação. O projeto também promove a qualificação das práticas de educadores socioesportivos e organizações atuantes no Rio de Janeiro, usando o esporte como ferramenta de desenvolvimento humano.

“Viver esse evento é uma emoção muito grande. Eu fui um jovem atendido pela Luta Pela Paz e hoje estou aqui, sendo um dos idealizadores disso tudo, podendo devolver e levar para os jovens de hoje um pouco do que recebi.”
Roberto Custódio, coordenador esportivo da Luta pela Paz

Quatro modalidades de luta aconteceram no evento: boxe, jiu-jitsu, luta livre esportiva e muay thai. Na parte da manhã ocorreram as fases classificatórias e, à tarde, foram disputadas as finais das categorias. O evento contou também com demonstração de técnicas de judô, inclusão de pessoas com deficiência, além de uma área kids e praça de alimentação. O acesso foi solidário, com a doação de 1kg de alimento não perecível, destinados a famílias de crianças e jovens atendidos pela Luta pela Paz (LPP) na favela Nova Holanda, na Maré.

“Eu percebo em todas as pessoas aqui um sentimento muito forte de gratidão pelo projeto. É uma gratidão por ajudar a vida não só delas, mas as vidas de muitas pessoas ao seu redor. São pessoas que, de certa forma, foram salvas pelo esporte de irem para um caminho não tão legal. Hoje eu fico feliz de estar aqui com vocês e espero que a gente leve esse projeto para muitos outros lugares. Quem sabe lá para o meu Piauí também”, disse o piauiense Whindersson, que elogiou a estrutura do torneio.

Whindersson Nunes, Luke Dowdney, funcionários e jovens da Luta pela Paz durante o Favela Champions. Foto: Matheus de Araujo | Luta pela Paz

Segundo o fundador da Luta pela Paz, o antropólogo e ex-pugilista inglês Luke Dowdney, um dos grandes propósitos do evento era unir os jovens e integrar grupos de diversas comunidades. “Infelizmente, existe uma divisão muito acentuada na sociedade e a Luta Pela Paz sempre teve essa ideia de união, de paz, de ter todo mundo junto. E acho que hoje a gente conseguiu alcançar um pouco isso. Reunimos jovens de diferentes comunidades, todos com energia positiva, apoiando seus amigos, seus colegas de equipe”, comentou Dowdney. 

Roberto Custódio, hoje coordenador esportivo da Luta Pela Paz, foi aluno de boxe da organização quando era adolescente, se tornou atleta com diversas conquistas no Brasil e no exterior, e entrou para o time de funcionários, passando a inspirar diariamente os alunos da academia. “Viver esse evento é uma emoção muito grande. Fui um jovem atendido pela Luta Pela Paz e hoje estou aqui, sendo um dos idealizadores disso tudo, podendo devolver e levar para os jovens de hoje um pouco do que recebi. Conheci a Luta Pela Paz com 14 anos, lá na Maré. E o boxe mudou a minha vida. Agora é a vez de outros meninos terem a sua oportunidade. Que eles possam ocupar esse lugar de protagonismo, um lugar que poucas pessoas oriundas de comunidades conseguem acessar”, declarou.

O Favela Champions é parte do projeto Maré Unida, realizado pela Luta pela Paz com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, através da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte do Rio de Janeiro. O evento contou com mídia oficial Band e Band News FM.

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