Primeira ida ao museu conecta adolescentes do extremo leste a 40 anos de arte brasileira e reforça que cultura também é território periférico.

Alunos da empregabilidade CEU Parque do Carmo | Foto Isabella Soares
No último dia 16 de maio, os alunos do projeto Comunidade Segura foram convidados a visitar a exposição de Vilma Eid no Instituto Tomie Ohtake. O projeto é uma parceria da Luta pela Paz com a Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, que promove transformações sociais positivas nas comunidades de Savoyzinho (São Paulo), Jardim Centenário e Parque São Miguel (Guarulhos).
Duas turmas do curso de Inclusão Produtiva do CEU Parque do Carmo tiveram a oportunidade de conhecer a coleção de Vilma Eid. A mostra examina o acervo reunido pela colecionadora e galerista ao longo de quarenta anos, com obras de mais de 100 artistas populares, modernos e contemporâneos. Ao apresentar esse conjunto pela primeira vez, a exposição evidencia como as peças se transformam quando vistas lado a lado, estimulando o público a perceber a arte brasileira como um campo aberto a intersecções e reinterpretações.
Os alunos ficaram encantados com as obras; muitos nunca haviam ido a um museu. Em entrevista, o aluno Ryan Vieira, de 14 anos, contou que, ao saber do passeio, não sabia o que esperar:
“Tudo o que eu sabia sobre o passeio era que iríamos a um museu, mas não sabia como era o museu por dentro. Cheguei a pesquisar e vi apenas uma foto do prédio.”
-Ryan Vieira
Na primeira sala que visitou, o jovem ficou fascinado por pinturas de aviões; segundo ele, essa foi uma de suas partes preferidas da visita.
Para a aluna Geovana Cristina de Souza, de 14 anos, a ida ao museu também foi uma experiência inédita. Ela nunca tinha visitado uma exposição exclusivamente de obras de arte. Questionada sobre o que mais gostou, Geovana destacou a oficina de desenho: ao final da visita, os alunos receberam papel e carvão para reproduzir duas projeções exibidas nas paredes da sala.
“Ao mesmo tempo em que eu estava olhando para a projeção dos galhos, eu também pude usar a imaginação e me expressar através do meu desenho.”
-Geovana Souza
Ver alunos da periferia ocupando espaços como o Tomie Ohtake é simbólico: significa quebrar paradigmas e barreiras históricas, pois a cultura é um direito social e uma ferramenta fundamental para enfrentar desigualdades estruturais. A assistente social Maria Angélica Paixão reforça:
“Ao vivenciar uma experiência como essa, esses jovens passam a se ver em novos contextos, a imaginar outras possibilidades para si e a sua comunidade. Muitas vezes, o contato com o novo inspira, estimula a criatividade, encoraja e amplia os projetos de vida. Eles percebem que podem ocupar espaços antes não imaginados, diante da desigualdade que existe em nossa cidade. Essa experiência é um passo importante na construção de trajetórias mais autônomas, criativas, conscientes e potentes.”
-Maria Angélica Paixão
A visita ao Instituto Tomie Ohtake encerrou-se como muito mais que um passeio cultural: tornou-se um ponto de inflexão na trajetória desses jovens. Ao atravessarem as portas do museu, eles também atravessaram fronteiras simbólicas que, por vezes, pareciam intransponíveis em seus bairros de origem. Saíram do espaço expositivo não apenas com novas referências estéticas, mas com a certeza de que a arte, e os lugares onde ela habita, também lhes pertencem.
O Comunidade Segura é uma realização da @lutapelapaz em parceria com a @petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental atuando em Savoyzinho (SP), Jardim Centenário e Parque São Miguel (Guarulhos).