Referência, inspiração e legado marcam a jornada da ex-aluna da Luta pela Paz, uma das primeiras mulheres a praticar a modalidade do boxe na Instituição e hoje, Diretora de Estratégias Territoriais da ONG. Esta é parte da trajetória de Ana Caroline Belo, cria da Maré e figura essencial para a história da LPP.
Há 23 anos Caroline Belo conhecia a Luta pela Paz por meio de um convite para praticar boxe e participar das aulas de Desenvolvimento Pessoal, na época, aulas de Cidadania. Ainda na adolescência, encontrou no esporte um espaço de acolhimento, um ambiente seguro e resiliente para desenvolver ainda mais seu potencial. No início do desenvolvimento da LPP apenas meninos realizavam as modalidades esportivas, com o tempo, este cenário foi passando por mudanças. A promoção e o engajamento de meninas e mulheres no esporte conquistou um espaço e Caroline foi uma dessas primeiras alunas a praticar boxe na academia da Luta pela Paz.
“A participação das meninas nas modalidades esportivas da LPP foi uma tomada de decisão muito importante. Inicialmente começamos com um número muito pequeno de mulheres e atualmente temos o mesmo número de meninas e meninos inscritos nas turmas. Nós acreditamos que a igualdade de gênero é um foco importante para a Instituição”, compartilha Carol Belo.
Durante os anos de dedicação, o desejo de gerar cada vez mais impactos e contribuir com o trabalho realizado pela LPP no território da Maré foi ganhando mais espaço no propósito de vida de Ana Caroline. A jovem que iniciou a prática do boxe se tornou voluntária da Instituição, participou da primeira formação do Conselho Jovem e, em seguida, foi convidada a integrar o time de funcionários da ONG – onde trabalhou na recepção, importante porta de entrada para os atendidos, em que todos têm um primeiro acolhimento. Hoje, Caroline é Diretora de Estratégias Territoriais e, por meio da sua história de vida, é inspiração para crianças, adolescentes e jovens da Luta pela Paz.
Continuamente, Caroline constrói um legado para a Instituição e para os atendidos. A retenção e o engajamento de mulheres no esporte continua sendo uma das prioridades. “Algo importante das mulheres que querem inspirar outras mulheres é o acolhimento. A primeira coisa é: que forma essas mulheres serão recebidas? Essas mulheres carregam uma bagagem às vezes muito pesada, de ter vivenciado e naturalizado muitas coisas que a gente vê que não é natural. Como por exemplo, ser humilhada, violentada ou impedida de fazer algo que gostaria muito. Oferecer a escuta e dar a oportunidade dessas mulheres falarem é essencial. Não é fácil e nunca será, mas estamos aqui para apoiar as mulheres. Estamos juntas e vamos muito mais longe”, reflete Ana Caroline.