Cria da Maré e apaixonado por futebol, pequeno Jó relata que nunca imaginou um dia se tornar mestre de capoeira

Josélio Oliveira, também conhecido como Mestre Pequeno Jó, cresceu no Complexo da Maré com um sonho: se tornar um grande jogador de futebol. Porém, o que o jovem ainda não sabia era que a capoeira já havia traçado o seu destino e o escolhido para trilhar um caminho brilhante e inspirar centenas de jovens mareenses.
Durante sua adolescência, Jó costumava sair quase todos os dias para jogar bola com os amigos. Foi em uma dessas partidas que um deles o apresentou um instrumento que mudaria sua vida para sempre: o berimbau. Jó recorda que, ao ouvir o som do instrumento, ficou fascinado. Foi como amor à primeira vista – ou melhor, à primeira escuta.

E foi movido pelas zoadas do berimbau, que ele decidiu iniciar sua trajetória na capoeira. Contudo, essa escolha não foi fácil. Seu pai, preocupado com o futuro do filho, não o deixou participar dos treinos, afirmando que a capoeira não oferecia ‘’futuro’’ e que ele precisava buscar algo mais concreto. O que o pai não percebia era que a capoeira já havia escolhido Jó, e, como ele mesmo diria, “quando a capoeira escolhe alguém, meu amigo, não tem volta!”
Contrariando as estatísticas e a resistência de seu pai, o jovem ingressou na capoeira nos anos noventa e nunca mais parou. Hoje, mais de três décadas depois, aquele garoto da Maré trabalha em uma das maiores ONGs do Brasil, a Luta Pela Paz, onde está há quase dez anos como Educador Esportivo das turmas de capoeira do projeto Maré Unida. Ele é uma referência para muitos jovens que, assim como ele, se apaixonam pelo som do berimbau e pelo gingado dessa arte marcial tão rica e fundamental para a cultura do nosso país.

A capoeira para Jó foi, e ainda é, uma grande escola. Ela não apenas trouxe sucesso, mas também o formou como ser humano e cidadão, transformando-o em um grande mestre, o Mestre Pequeno Jó. Com sua dedicação e paixão, ele continua a abrir portas e a criar oportunidades para as novas gerações, mostrando que na vida, às vezes, os caminhos mais inesperados são os que fortalecem nosso propósito e nos levam ao nosso verdadeiro destino.
A iniciativa é uma realização do projeto Maré Unida, realizado pela Luta pela Paz com o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, através da Lei de Incentivo ao Esporte do Governo do Rio de Janeiro, via Secretaria de Esporte e Lazer.