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A luta pelo direito de estudar: alunos da Maré enfrentam as violências do estado para acessar a educação

Muitos estudantes ainda lutam pelo mero direito ao acesso à educação, que é violado de diversas formas e por diversas instâncias, prejudicando sobretudo crianças e jovens racializados e moradores de territórios periféricos do Brasil.

No dia 05 de abril de 2023, a Maré foi alvo da violência do estado mais uma vez. Dois blindados invadiram uma escola municipal, interrompendo uma atividade de páscoa que estava sendo realizada com crianças e adolescentes. Além do CIEP, mais 21 escolas municipais tiveram atividades suspensas por conta da operação policial. Segundo a 7ª edição do Boletim Direito à Segurança Pública na Maré, produzido pela Redes da Maré e publicado em março de 2023, em 2022 ocorreram 27 operações policiais e oito confrontos entre grupos armados, no Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro, resultando em 15 dias de atividades suspensas nas escolas e uma média de 60 horas de aulas perdidas. As atividades na Academia da Luta pela Paz, localizada na Nova Holanda, uma das 16 favelas do Complexo da Maré, também são suspensas, impactando mais de 390 alunos de atividades esportivas e mais de 30 alunos do reforço escolar.

Em seu livro “A importância do ato de ler”, Paulo Freire diz que “ é impossível, de um lado, uma educação neutra, que se diga a serviço da humanidade, e de outro, uma prática política esvaziada de significação educativa”. A legislação brasileira determina uma carga horária mínima de 800 horas, distribuídas em, no mínimo, 200 dias letivos. Porém, ao observar o impacto da violência armada no território da Maré, é possível afirmar que nem todos os estudantes têm direito de acessar a educação por serem atravessados direta ou indiretamente por estratégias de cunho racista e classista que violam direitos e saberes racializados e favelados. 

Quando pensamos, por exemplo, na necessidade de aulas de reforço escolar para crianças do ensino fundamental de escolas públicas, percebemos que existem inúmeras ausências, além da discrepância entre ensino de escolas particulares e públicas, não por conta de professores, pedagogos e funcionários da instituição, e sim por falta de compromisso e apoio de políticas educacionais que deveriam ser pensadas de forma inclusiva, gratuita e plural. 

A Luta pela Paz tem a educação como um de seus cinco pilares, com programas educacionais oferecidos para crianças e adolescentes em risco de evasão ou jovens que tiveram que abandonar os estudos, trabalhados em paralelo com atividades de desenvolvimento pessoal, que são espaços para questionamentos e reflexões sobre direitos, territórios, raça e etnia, gênero, inclusão e igualdade.

Quer saber mais sobre as ações da Luta pela Paz na educação antirracista?  Clique no link e saiba mais. https://lutapelapaz.org/2022/04/19/uma-nova-leitura-de-mundo/ 

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