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Luta pela Paz investe em mudanças físicas e virtuais para oferecer melhor atendimento a Pessoas com Deficiência

Acessibilidade e inclusão social são temas que ainda precisam ser amplamente discutidos pela sociedade brasileira. Não se trata apenas de adaptar espaços, mas também de sensibilizar a população e de investir em capacitação para quem vai lidar com Pessoas com Deficiência (PcD) e pessoas com mobilidade reduzida. Essa é uma das prioridades da Luta pela Paz desde que o atendimento a PcDs começou, pensando em acessibilidade para o espaço físico, os atendimentos e também no campo virtual.

Hoje existem mais de 17,3 milhões de pessoas com alguma deficiência no Brasil, como aponta a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse número equivale a 8,4% da população do país. No mundo, 253 milhões de pessoas possuem alguma deficiência visual, de acordo com a União Mundial dos Cegos (UMC). No Brasil, esse número equivale a quase 7 milhões de pessoas, segundo dados de 2019 do IBGE. O caso de pessoas com deficiência auditiva é ainda mais grave. São 466 milhões de pessoas com este tipo de deficiência, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Destes, 2,3 milhões estão no Brasil, de acordo com o IBGE. 

A fim de promover a inclusão das PcDs, uma série de medidas legislativas foram elaboradas*, como a Lei da Acessibilidade (nº 10.098/2000), que determina a necessidade de se pensar em critérios básicos para que equipamentos urbanos, edificações, transportes e meios de comunicação possam ser utilizados de forma segura e autônoma. 

É fundamental que PcDs e pessoas com mobilidade reduzida possam usufruir dos mesmos espaços – físicos e virtuais – que pessoas sem deficiência. A Luta pela Paz acredita numa sociedade sem exclusão, onde todas as pessoas são bem-vindas e se sentem acolhidas. Por isso, foram implementadas melhorias na estrutura e canais de atendimento pleno foram criados, adaptando-se a estrutura existente às limitações de locomoção e comunicação de cada pessoa.

Aluno da academia realizando atividades do projeto Maré Unida. Foto: Matheus de Araujo

Desde 2020, a academia vem passando por uma série de mudanças estruturais, como rampas de acesso, elevador e sinalização tátil no chão. Outro ponto a se destacar é que professores e professoras passam por programa de formação continuada com especialistas na área de inclusão para entender como melhorar o atendimento a esses públicos de acordo com as suas demandas. No ano seguinte às primeiras mudanças estruturais, a LPP estava já atendendo 56 pessoas com algum tipo de deficiência ou mobilidade reduzida. 

Dentre os esportes que realizam atendimento inclusivo, estão as turmas de capoeira ministradas pelo professor de Educação Física e mestre de capoeira Leonardo Gaspar Amoedo, que trabalha na Luta pela Paz desde outubro de 2022. Duas vezes por semana ele utiliza fundamentos da capoeira, como a música e movimentos físicos em suas aulas, que incluem pessoas com deficiência intelectual e pessoas sem deficiência. “Ter turmas mistas é uma forma de promover interação e comunicação entre elas. Mesmo que a aula não seja voltada especificamente para pessoas com deficiência, você percebe que a criança vai ter uma evolução, mesmo que no ritmo dela, e que muitas vezes são outras crianças que dão suporte a elas”, conta o professor.

Normalmente, as turmas são ministradas por dois professores e uma mediadora que faz um acompanhamento mais aproximado de acordo com as necessidades de cada criança, adolescente e jovem. “Direcionar a participação de cada pessoa a partir da personalização de seus casos é fundamental e aí a figura do mediador funciona bastante”, destaca Leonardo. 

Thalita Gomes, mãe de Samuel (4), percebeu a diferença desde que o filho, que tem autismo, começou a fazer as aulas. “Em poucos meses ele já teve uma evolução grande fazendo as atividades, mesmo sendo 1h duas vezes na semana. Ele tem suas limitações, mas desde que começou, passou a falar com as pessoas na rua, coisa que não fazia antes”, relata a mãe.

Ambiente virtual para todas as pessoas

Alguns recursos virtuais têm contribuído para aumentar a acessibilidade digital do conteúdo de portais e páginas em redes sociais, como as hashtags “PraCegoVer” e “PraTodosVerem”, que incentivam a descrição detalhada das imagens publicadas. Entretanto, esse avanço ainda caminha de forma lenta. Apenas 0,46% dos sites do país foram considerados acessíveis em 2022, como aponta pesquisa do BigData Corp, em parceria com o Movimento Web para Todos.

Da mesma forma que nos espaços físicos, o site da Luta pela Paz também precisou de ajustes para que fosse acessível a outros públicos, neste caso a pessoas com deficiência auditiva e visual. Desde 2021 o site da LPP possui uma ferramenta de acessibilidade com a função de leitura de tela, que possibilita ler textos, e com a Maya, um avatar que faz a tradução do texto em Libras, a Língua Brasileira de Sinais. Maya veste a camisa da Luta pela Paz e trabalha em conjunto com professores e professoras da academia para possibilitar que pessoas com deficiência e mobilidade reduzida possam, cada vez mais, ter acesso às atividades e aos espaços físicos e virtuais da organização.

Maya, tradutora virtual do Libras, na página inicial do site da Luta pela Paz

Saiba mais:

Além da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, existem outras legislações referentes ao direito das Pessoas com Deficiência.

Lei nº 10.048, de 8 de novembro de 2000, que prioriza o atendimento de pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida (idosos a partir de 60 anos, gestantes, lactantes, pessoas com crianças de colo);

Lei nº 10.845, de 05 de março de 2004, que institui o Programa de Complementação ao Atendimento Educacional Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiência; 

Artigo 1º da Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, que considera pessoas com espectro autista como pessoas com deficiência;

Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015, que cria o Estatuto da Pessoa com Deficiência.

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