Na primeira semana de dezembro, idealizadores de projetos sociais e líderes comunitários do território de Savoy, em São Paulo, e Pimentas, em Guarulhos, participaram de oficinas coletivas e mentorias individuais para aprimorar suas organizações e ações. Os participantes fazem parte dos Comitês de Impacto Coletivo do projeto Comunidade Segura, realizado pela Luta pela Paz com apoio da Petrobras.
Os Comitês de Impacto Coletivo contam com a participação de moradores, lideranças comunitárias, associações, atores locais e profissionais do projeto Comunidade Segura e acontecem mensalmente para levantar as demandas dos territórios, escalar prioridades e criar uma agenda de ações com base nessas prioridades, buscando parcerias para o desenvolvimento e execução de ações futuras. Os comitês contam com um tempo de escuta, acolhimento de acontecimentos das semanas anteriores e coletas de informações.
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O intercâmbio foi uma iniciativa do projeto Comunidade Segura, a partir da demanda dos participantes dos Comitês de Impacto Coletivo, e teve por objetivo principal promover momentos de trocas e aprendizados com especialistas das áreas de Captação de Recursos (Adriano Mendes) e Comunicação e Marketing (Julie Oliveira) que fazem parte da equipe da Luta pela Paz. “Os encontros são divididos por temáticas, como a metodologia da Luta Pela Paz, contexto de violência ampliado, teoria da mudança e outros conceitos e áreas essenciais para o desenvolvimento das organizações. Porém, os líderes comunitários trouxeram muitas dúvidas sobre a escrita de projetos para captação de recursos e produção de conteúdos para redes sociais. A partir dessa necessidade decidimos incluir as oficinas e mentorias direcionadas” conta o Analista de Treinamento da Luta pela Paz, Diego Marcelino.
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“Acredito que o crescimento profissional está atrelado à nossa disposição em contribuir para o crescimento do outro, e que compartilhar o conhecimento também é uma atitude importante. Agora, quando o assunto é compartilhar saberes com pessoas de territórios que são semelhantes aos meus, como as periferias de São Paulo, a forma de compartilhar o conhecimento parte de uma outra esfera que é a da transformação de realidades. O conhecimento compartilhado não se perde, mas se aprimora com o passar do tempo. Por tanto, me importo em visar a descentralização do conhecimento, tentando de alguma forma mesclar o conhecimento acadêmico com as vivências culturais e políticas de quem vive o cotidiano das favelas e periferias” diz o Analista de Captação de Recursos da Luta pela Paz, Adriano Mendes.
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“A formação de comunidades, geralmente, é feita por pessoas racializadas de classe baixa que não têm para onde ir e acabam ocupando territórios vulneráveis, como é o caso de comunidades do estado de São Paulo construídas próximas às faixas de dutos. Mas, mesmo sem apoio do Estado, essas pessoas que encontram às margens da sociedade a oportunidade de reconstruir a vida, ainda se reinventam a partir de saberes pessoais com objetivo de transformar a realidade coletiva”, observa a assistente de Comunicação e Marketing da Luta pela Paz, Julie Oliveira.
O Instituto Casa Cairo, fundado por mulheres do território de Pimentas, em Guarulhos, realiza diversas ações com foco em mulheres e crianças. A horta comunitária é uma atividade que ressignificou um dos territórios de faixa de dutos, e conta com a mobilização e apoio de moradores da comunidade. “É um privilégio para mim poder fazer a horta e beneficiar muitas pessoas da comunidade. Plantamos feijão, batata, tomate e diversos outros legumes e verduras. É um trabalho de formiguinha, uma divulgação feita por boca a boca, ainda com muitas dificuldades. Moro aqui há 18 anos, vi esse espaço tomado de bichos e mato e, agora, ver esse ambiente sendo usado para agregar o bairro, é muito bom”, diz a moradora da comunidade e participante do Instituto Casa Cairo, Luciana Silva.
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Já o Flores do Carmo, projeto também idealizado por mulheres, realizado em Savoy, São Paulo, é uma referência quando se trata de ajudar a comunidade. As três líderes participaram das consultorias e ampliaram a visão sobre o projeto, principalmente com objetivo de resolver problemas e fluxos internos. Na consultoria individual de Comunicação e Marketing, foi realizada uma análise SWOT (sigla em inglês para a ferramenta que identifica Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças para projetos e organizações – FOFA, em português) para que a equipe pudesse enxergar de forma mais objetiva as potencialidades e desafios do projeto e das ações realizadas. Além disso, o encontro de captação de recursos auxiliou na compreensão da missão, visão e valores organizacionais para facilitar a escrita de propostas e projetos para financiamento.
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Escrita por Julie Oliveira