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#Mulheresdaluta

A luta pela coragem de ser quem é

Ranni Soares no treinamento realizado na Academia da Luta pela Paz, no Rio de Janeiro.

Por Julie Oliveira

A Luta pela Paz (LPP) é feita por diversas pessoas com diferentes potenciais, vivências e histórias. Os olhares de inúmeras perspectivas apuram a sensibilidade do trabalho a partir de temas estruturantes, como gênero e sexualidade, raça e etnia, inclusão e diversidade.

Uma das pessoas que formam a equipe de Conteúdo e Treinamento da LPP é a Ranni  Soares, que se identifica como pessoa negra, nordestina e LGBTQIAP+, formada em museologia, musicista e diversas outras coisas que não cabem na imensidão de quem ela é. “Sou tanta coisa que nem sei. Gosto de me entender como um caminho”, diz.

Ranni saiu da região metropolitana de Recife onde enfrentava muitas dificuldades, principalmente na questão da mobilidade urbana. Chegando ao Rio de Janeiro aos 20 anos, buscou  viver sua totalidade. Começou a estudar museologia e descobriu que essa profissão trabalha muito com memórias e identidade. Foi nesse momento que passou a refletir sobre o direito de existir sendo quem se é, o que é muito difícil em uma sociedade racista, classista e intolerante que, diariamente, violenta corpos considerados minorias. 

“Vir para o Rio de Janeiro foi trazer o protagonismo da minha vida pra mim. Eu sou tanta coisa, por isso posso escolher qual narrativa quero contar. Uma parte de mim não compõe tudo o que sou”

Em 2017, Ranni conheceu a Maré e a Luta pela Paz, e se apaixonou. Foi um processo de reconhecimento, principalmente em um território que também é nordestino, já que boa parte da população mareense é composta de imigrantes do nordeste do Brasil. Desde o primeiro momento em que conheceu a LPP, soube que precisava trabalhar na ONG, pois, muito do que ela é, ia ao encontro dos valores da organização. 

Tentou uma vaga para área de captação de recursos, chegou na última etapa, mas ainda não era sua vez. Não desistiu e se candidatou para outra vaga, na área em que trabalha atualmente, em que ela tem contato direto com outras pessoas e organizações, podendo trocar experiências e saberes, compartilhando metodologias da LPP pensadas diretamente por pessoas faveladas, pretas, LGBTQIA+ e pautadas pelos temas da inclusão e da diversidade, como a interseccionalidade de classe, raça e gênero.

Quando fala sobre a importância da Luta pela Paz na vida de crianças e jovens, Ranni destaca como queria ter tido a oportunidade de, na infância, fazer parte de um espaço seguro que oferecesse tantas ferramentas para que os alunos e alunas desenvolvessem seus potenciais, como a Luta pela Paz. Porém, hoje, Ranni é grata por compôr a equipe da LPP, o que também a ajuda a desenvolver suas habilidades.

Ranni é apenas uma entre tantas histórias de pessoas que compõem a Luta pela Paz. Continue acompanhando diversas #MulheresdaLuta  aqui em nosso site e nas nossas redes sociais.

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